A dificuldade em contratar médicos para atuar no serviço público de saúde, sobretudo nas cidades do interior, motivou o governo estadual a firmar um convênio de cooperação técnica para revalidar diplomas médicos expedidos fora do Brasil. A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) estima que pelo menos 70 dos 184 municípios pernambucanos sofrem com a carência desses profissionais. A previsão é que em setembro os primeiros médicos que estudaram em instituições estrangeiras comecem a atuar legalmente no Estado.
A revalidação dos diplomas será feita pela Universidade de Pernambuco (UPE), que oferece o curso de medicina no Recife e em Garanhuns (Agreste). Para ter o reconhecimento da universidade, o médico formado em instituição estrangeira, brasileiro ou não, vai se comprometer a trabalhar, no mínimo, dois anos no Programa de Saúde da Família (PSF) nas cidades com mais carência de pessoal. O acordo de cooperação, batizado de Provalida, foi assinado ontem pelas Secretarias Estaduais de Saúde e de Ciência e Tecnologia, UPE e Amupe.
O edital com as regras do convênio está disponível no site da UPE (www.upe.br). As inscrições para revalidar o diploma começam no dia 30 de abril, e vão até 14 de maio. Além de apresentar documentação, os candidatos farão prova escrita e avaliação de habilidades clínicas. Faculdades médicas de Cuba, da Bolívia e da Argentina recebem muitos estudantes brasileiros.
Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia, Marcelino Granja, os candidatos com as melhores notas terão prioridade na escolha dos municípios em que vão atuar, conforme lista indicada pela Secretaria de Saúde. Caberá à Amupe acompanhar o trabalho desses médicos nos PSFs. Os municípios de Agrestina, Belém de São Francisco, Bodocó, Casinhas, Cumaru e Ipubi estão na relação dos que mais necessitam de médicos, conforme o Programa de Valorização de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
Seguiremos os critérios dos Ministérios da Educação e da Saúde, com a responsabilidade que o processo de reconhecimento de um diploma exige. Vamos cobrar dos médicos formados fora do Brasil o mesmo nível de conhecimento dos nossos alunos do curso de medicina , observou o vice-reitor da UPE, médico Rivaldo Albuquerque.
Representante em Pernambuco da Associação Médica Nacional (AMN) e formado pela Escola Latino-americana de Medicina de Cuba, o médico Maicon Nunes elogiou a iniciativa. Ele estima que em Pernambuco haja cerca de 40 médicos que estudaram em Cuba, dos quais menos de dez não têm o diploma reconhecido. Uma das preocupações dele é que com o grau das provas. Há universidades no Brasil que no exame de revalidação do diploma cobram de um recém-formado o mesmo conhecimento de um residente no terceiro ano de especialização , destacou.
Os pernambucanos Antônio Neto, 25 anos, e Josias Rosa, 25, e a equatoriana Daniela Zambrano, 26, terminaram medicina em agosto do ano passado, em Cuba. Estão animados com a possibilidade de atuar no Estado. Nossa formação em Cuba foi voltada para saúde pública, para atenção básica, o que vai contribuir para nosso trabalho aqui no Estado , afirmou Josias.
Fonte: http://portalbelmonte.com.br/2012/04/estado-valida-diplomas-para-atrair-medicos/